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Como se dar bem no quesito que vale ouro no Enem

Corrigir mais de 8 milhões de redações não é só um enorme esforço físico. É preciso também encontrar um método objetivo de avaliação. Para isso o Enem criou as chamadas cinco competências, definidas no edital da prova, que o candidato deve cumprir ao longo do texto. A pedido do site de Veja, o professor e experiente avaliador de redações Rafael Pina, do Colégio A a Z, explica cada uma das competências e ensina como usá-las para que um texto se destaque entre milhões de concorrentes.

Competência I – Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita
O quesito não mede apenas se o aluno escreveu exceção com “ss”. Avalia-se também a regência, o uso adequado dos plurais e dos tempos verbais, a riqueza e a correção do vocabulário e o domínio da norma culta, sem gírias, sem contrações de palavras, sem lugares comuns. “Escrever bem é escrever com clareza. Com objetividade, mas sem vulgaridade. O Enem não quer redações complexas, rebuscadas. Quer bons argumentos, escritos com fluência e respeito à língua portuguesa”, ensina Pina.
No que o avaliador vai ficar de olho:
. na diferença entre linguagem oral e escrita;
. na atenção à ortografia e às regras gramaticais;
. na estética do texto e respeito ao número de linhas;
. na ausência de expressões coloquiais;
. na precisão do vocabulário
. no uso de letras maiúsculas e minúsculas;
. na divisão de sílabas na mudança de linha (translineação).


Competência II: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo
O propósito aqui é impedir o clássico “fugir do assunto”, um erro grave e comum nas redações. O candidato tem que ler com atenção o tema proposto e se concentrar nele. “É um equívoco típico de quem zera a redação, porque mostra que o aluno sequer entendeu o enunciado”, alerta Pina.
No que o avaliador vai ficar de olho:
. na compreensão do tema. Vale se inspirar nos textos motivadores, mas sem se limitar a eles;
. na interdisciplinaridade, ou seja, a capacidade de relacionar um assunto com várias áreas do conhecimento
. se o aluno sabe estruturar um texto dissertativo.

Competência III – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
Este é o quesito mais subjetivo, em que se avalia a coerência e o poder de argumentação. “Alguém que escreva que a base do problema da violência no Brasil é a educação deficiente, por exemplo, não pode mais adiante dizer que a solução é aumentar o policiamento”, explica o professor Pina. Ele recomenda que os candidatos fundamentem seus pontos de vistas com números, dados, citações, comparações e nunca percam de vista a relação entre causa e consequência. Boa parte dos dados estarão nos textos motivadores que apresentam o tema e contribuem para a reflexão. “Os avaliadores verificam se o candidato usou e interpretou estas informações de forma adequada para sustentar seus pontos de vista”, adianta Pina.
No que o avaliador vai ficar de olho:
. na progressão qualitativa (interligação entre as partes do texto);
. na ordem lógica entre as ideias apresentadas;
. no encadeamento de ideias. Cada parágrafo deve apresentar informações novas, coerentes com as anteriores, sem repetições ou saltos temáticos;
Na adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real.

Competência IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação
A redação precisa apresentar ideias consistentes, fundamentadas e bem articuladas. O texto deve obedecer ao formato dissertativo-argumentativo. Os parágrafos têm que ser encadeados sem tropeços. “A forma como se conectam é essencial. Textos que não conseguem amarrar um parágrafo no outro nunca são bem avaliados”, diz Pina.
No que o avaliador vai ficar de olho:
. na estruturação dos parágrafos e na ligação entre a ideia principal e as ideias secundárias;
. na composição dos períodos em duas ou mais orações, com relações de causa-efeito, contradição, temporalidade, comparações;
. no cuidado para não repetir palavras;
. na coesão argumentativa;

Competência V – Elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural
É a mais complicada e também a mais crucial. Avalia-se se o candidato tem soluções coerentes e exequíveis para resolver o problema tratado. Ele tem que explicar o que fazer, como fazer e quem será o agente social responsável pela ação. “Minha orientação é que o candidato apresente duas propostas, com soluções concretas e coerentes com seus argumentos, indicando dois atores sociais para executá-las”, sugere Pina. Sobre a exigência de que as propostas sugeridas respeitem os direitos humanos e valorizem o exercício da cidadania, ele alerta: “Os alunos ficam muito perdidos. Temos que treinar sistematicamente esta competência”.

No que o avaliador vai ficar de olho:
. nas três respostas obrigatórias – o quê, como e quem;
. se a solução apresentada é viável e coerente com o problema;
. se a proposta respeita direitos humanos, diversidade cultural e liberdade.

Fonte: Veja Educação